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ENSINO

Ensinamentos atemporais num mundo em transição

Soluções para os males percebidos em educação são, frequentemente, sem profundidade e, ironicamente, o que raramente está presente na maioria dos esforços para reformular escolas é uma visão educacional que atenda, tanto à prática do ensino, quanto aos seus objetivos. Nós não temos clareza a respeito do que procuramos.

 

Além da capacidade de ler e escrever e a de fazer contas, o que queremos alcançar? Quais são nossos objetivos? O que é importante? Que tipo de cultura educacional iremos querer para nossas crianças? Em resumo: de que tipo de escola necessitamos? 

 

Normalmente, as pessoas acreditam que são procedimentos de padronização e monitoramento que garantirão o êxito.

Querem, portanto, um programa de testes que mostrarão os resultados dos esforços, frequentemente ordenados em um respeitado ranking. Para essas pessoas, não importa se seremos capazes de ter uma metodologia científica para analisar a prática educativa, considerando-se a diversidade dos alunos que temos. Na contramão de muitos, em minha opinião, criatividade e julgamento profissional  serão sempre necessários para ensinar bem, para adotar uma política educacional inteligente, para estabelecer relacionamentos pessoais com nossos estudantes e para avaliar seu desenvolvimento.

Cada criança a quem ensinamos é maravilhosamente única e cada uma requer, de nós, que usemos,  em nosso trabalho, aquela que é uma das mais primorosas capacidades humanas: a habilidade de fazer julgamentos na ausência de regras. Apesar de haver procedimentos rotineiros em um  ensino de qualidade, ensinar, raramente, é rotineiro. O bom ensino depende de sensibilidade e imaginação, pois a  escola é um lugar de surpresas, e ensinar é uma arte. A razão de  eu crer na importância de se ter uma visão educacional é porque, sem ela, não temos orientação e nenhum meio de saber sobre o caminho que nós escolhemos. E, por isso, sempre corremos o risco de sucumbir aos modismos e às pseudo-soluções para supostos problemas. Será verdade que mais testes melhorarão o ensino e a aprendizagem, ou que uniformes irão melhorar o comportamento do estudante ou construir caráter? Tenho dúvidas.

Cada pessoa apresenta maior ou menor aptidão em áreas específicas; cabe ao educador perceber e respeitar essa diferença, já que a velocidade de aprendizado será diferente. É equivocada a  ideia de  que colocar todos os alunos em um mesmo patamar seja uma virtude. Se assim procedermos, estamos limitando suas aspirações. Não serve a propósitos democráticos tratar a todos de um mesmo jeito, ou esperar que todos cheguem ao mesmo lugar e ao mesmo tempo. Cada aluno precisa seguir sua direção, pois é lá que estarão suas aptidões e seus interesses, e é para lá que suas habilidades o levarão. 

Acredito que o tipo de escola de que nós precisamos reconheceria que diferentes formas de representação produzem diferentes formas de pensamento e transmitem distintas formas de significado que tornam possíveis diversas qualidades de vida.

Excerto do texto The Kind of Schools We Need,  Elliot W. Eisner*, tradução e adaptação de Edna Roriz.

*Eisner é Professor de Educação e Artes, Stanford University.

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